sexta-feira, 28 de junho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #10

CAPÍTULO 10: RODAS

Padre Gomez, uma menina e um menino chamado Paolo conversam. A menina dizia ao padre que viu uma mulher de aproximadamente 30 anos há alguns dias, com uma mochila bem grande nas costas. Ela disse que essa mulher parecia não ter medo dos espectros, simplesmente andava pela cidade sem se preocupar, igual a ele. A menina afirmou que nunca havia visto um adulto fazer isso antes. Paolo puxou a manga da menina e sussurrou algo. A menina então disse ao padre que Paolo acha que ele vai pegar a faca de volta. O Padre Gomez se arrepia. Lembrou-se do depoimento do Frei Pavel: devia ser esta a faca que ele tinha mencionado. Padre Gomez pergunta se a faca veio dali. A menina responde que veio da Torre degli Angeli e que o garoto que roubou a faca matou o irmão deles, chamado Tullio. Os espectros pegaram Tullio. Disse também que a menina que estava com o garoto é uma mentirosa nojenta e que eles quase mataram os dois, mas chegaram umas mulheres voadoras e levaram os dois. A menina contou que a mulher veio depois e que ela foi para o sul, para as montanhas, caso ele queira encontrá-la. O padre agradeceu, abençoou as crianças e seguiu seu caminho.

Depois de passar três dias na companhia dos seres com rodas, Mary Malone sabia muito mais sobre eles e eles sabiam muito sobre ela. Mary e os seres de rodas chegaram a uma aldeia onde mais seres de rodas estavam trabalhando: alguns consertavam os telhados, outros puxavam uma rede do rio, outros traziam lenha para a fogueira. Os dias foram passando e Mary foi aprendendo mais sobre os animais, sua cultura e seu idioma.

Certo dia, Mary pegou o I Ching e perguntou se deveria estar ali ou seguir adiante para algum outro lugar e continuar procurando. A resposta foi: "A QUIETUDE significa deter-se; a verdadeira quietude consiste em manter-se imóvel quando chega o momento de se manter imóvel e avançar quando chega o momento de avançar." Mary ficou feliz com a mensagem, pois significava que o que mais queria fazer naquele momento é o que deveria ser feito. Mary conheceu um pouco mais dos mulefas e descobriu, entre outras coisas, que as rodas de nozes são muito importantes para eles. As crianças e adolescentes sonham com o dia de colocar a sua roda, e os adultos passam muito tempo limpando e cuidando de suas rodas. Descobriu também que, embora o povo fosse conhecido como mulefas, um indivíduo era chamado de zalif. Mary se deu conta de que os mulefas administravam tudo naquele mundo, sabiam exatamente onde ficava cada coisa e cada rebanho de animal.

Um zalif pegou um animal com sua tromba e o matou para fazer um banquete. Uma tarde, o povoado dos mulefas começou a ser atacado por pássaros gigantes, conhecidos como tualapi. Mary foi a primeira a ver, enquanto trabalhava consertando o telhado de uma cabana. Imediatamente avisou os mulefas, que começaram a fugir. Os pássaros chegaram ao povoado e comeram tudo que era comestível. Os tualapi encontraram o depósito das rodas e começaram a jogá-las no mar, depois destruíram tudo o que viam pela frente. Os mulefas, que estavam no alto da montanha, quase choravam de tristeza. Os pássaros ainda não tinham acabado: agacharam, esvaziaram seus intestinos e depois foram embora. Das 15 rodas de nozes, sobraram apenas duas; o resto foi empurrado na água e perdido.

Mas havia um banco de areia na curva seguinte do rio, e Mary pensou ter visto uma roda presa ali. Mary tirou as roupas e foi até lá. Encontrou não uma, mas cinco das preciosas rodas. Os mulefas ficaram cheios de gratidão. Eles nunca entravam na água e só pescavam da margem, tomando cuidado para manter os pés e as rodas secos. Mary sentiu que finalmente tinha feito algo útil para eles. Mais tarde naquela noite, os mulefas contaram a Mary porque ficaram tão preocupados com as rodas: as árvores-das-rodas estavam morrendo.

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