terça-feira, 25 de junho de 2024

A METAMORFOSE #2

CAPÍTULO II

Gregor acorda no crepúsculo cheio de fome. Atraído pelo cheiro de comida, Gregor foi até a mesa e se deparou com uma tigela de leite e pedaços de pão branco, mas, com repugnância, afastou-se do leite que antes era sua bebida favorita.

No outro dia, bem cedo, a irmã de Gregor, para testar seu gosto, levou um sortimento de comida. Havia legumes velhos, semiapodrecidos; ossos do jantar da noite anterior, envolvidos pelo molho branco endurecido; algumas passas e amêndoas; um queijo, que Gregor há dois dias teria declarado intragável; um pão seco, um pão com manteiga, um pão salgado com manteiga e uma tigela com água. A irmã se retirou para que ele comesse à vontade. Ele devorou o queijo, os legumes e o molho; as comidas frescas não lhe agradavam, não suportava nem o cheiro. Foi desse jeito que Gregor passou a receber sua comida dia a dia.

O pai expôs tanto à mãe quanto à filha a sua situação financeira, conseguindo se salvar da falência de sua empresa. Gregor pensava que não havia sobrado nada ao pai do negócio falido e sua preocupação naquela época era fazer com que sua família esquecesse a falta de sorte nos negócios. Foi então que começou a trabalhar como caixeiro-viajante, passando a ter possibilidades bem diferentes de ganhar dinheiro e carregando sobre si as despesas de toda a sua família.

Certa vez, quando a irmã de Gregor foi abrir a janela do quarto dele, Gregor já estava na janela. Sua irmã recuou e trancou a porta do quarto, como se tivesse ficado com medo de ser atacada e levar uma mordida.

Os pais de Gregor não o visitavam em seu quarto; a irmã tinha que lhes dizer tudo sobre ele: qual era o aspecto de seu quarto, o que ele havia comido, como havia se comportado. A mãe de Gregor até pretendia visitá-lo, mas era impedida pelo pai e pela irmã.

Gregor adotou o hábito de ficar ziguezagueando pela parede e pelo forro, e gostava, em particular, de ficar pendurado no teto. Sua irmã, vendo o divertimento de Gregor, decidiu retirar os móveis que atrapalhavam a atividade e pediu a ajuda de sua mãe. Foi então que a mãe de Gregor entrou no quarto e pôde ver o filho. Enquanto desmontavam os móveis, a mãe de Gregor disse que seria melhor mantê-los, porque sem móveis parecia que estavam abandonando a esperança de uma melhora de Gregor. Também para que Gregor, quando voltasse a ser humano, encontrasse tudo como estava antes. Gregor ouviu e concordou com ela. A irmã de Gregor tinha outra opinião; ela queria tirar não só os dois móveis que tinha pensado no começo, mas todos os móveis restantes. Ela havia observado que Gregor precisava de bastante espaço para se arrastar e que não usava nenhum daqueles móveis. Gregor viu um quadro na parede e não quis que o levassem, então ficou sobre o quadro para impedir que o levassem. A irmã e a mãe de Gregor voltaram e o viram na parede. A mãe de Gregor desmaiou ao vê-lo.

O pai de Gregor chegou e perguntou o que havia acontecido. A irmã disse que a mãe desmaiou e que Gregor fugiu. O pai disse que já esperava por isso (ele acreditava que Gregor havia cometido algum ato de violência). O pai foi até o quarto de Gregor e começou a atirar maçãs nele. A mãe de Gregor correu atrás do pai e caiu nos braços dele, implorando para que ele poupasse a vida de Gregor.

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