segunda-feira, 22 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #17

CAPÍTULO 17: ÓLEO E LACA

Mary Malone estava construindo um espelho porque queria testar uma ideia que tivera: tentar capturar as sombras. Sem os instrumentos de seu laboratório, ela tinha que improvisar com os materiais de que dispunha. A tecnologia dos mulefas praticamente não empregava metais, de modo que ficaram fascinados com o canivete do exército suíço, que era o objeto mais precioso que Mary possuía.

Mary começou a queimar um desenho num galho seco enquanto mostrava os acessórios e seu canivete para uma zalif que era sua amiga, chamada Atal. Foi isso que a fez começar a pensar nas sombras. Mary queimou o desenho (uma simples margarida) na madeira, mas, à medida que a linha de fumaça foi subindo, ela pensou que, se aquilo se tornasse um fóssil e um cientista o encontrasse dali a milhões de anos, ainda poderiam encontrar sombras rodeando-o porque Mary trabalhou nele.

Mary mergulhou num estado de torpor e devaneio até que Atal perguntou com o que ela estava sonhando. Mary tentou explicar, mas não esperava que Atal acompanhasse sua explicação. Atal surpreendeu-se ao dizer: "Sim, sabemos do que você está falando, nós chamamos de luz". Depois, disse que não seria luz em si, mas um faz-parece (termo que eles empregavam para metáfora). Mary perguntou o que eles sabiam a respeito daquilo e de onde vinha. Atal disse que vinha deles e do óleo. Mary sabia que ela estava se referindo ao óleo nas grandes rodas de nozes. Atal disse que, sem as árvores, isso desapareceria de novo.

Mary estava tentando relacionar as coisas com o que Lyra havia lhe dito e o que a tela do computador havia lhe mostrado. Em suas investigações com crânios fósseis, seu colega Oliver Payne tinha descoberto que, cerca de 30 mil anos atrás, havia ocorrido um grande aumento no número de partículas de sombra associadas aos restos mortais de seres humanos. Mary perguntou a Atal há quanto tempo existiam os mulefas. Atal disse: "Trinta e três mil anos". Também disse que, um dia, um ser sem nome começou a brincar com uma noz e, enquanto ela brincava, uma serpente apareceu e falou com ela (é faz-parece). A serpente mandou que ela enfiasse o pé no buraco do fruto onde a serpente estava e ela se tornaria sábia. Então, ela fez isso e o óleo penetrou em seu pé, fazendo com que visse com mais clareza. A primeira coisa que viu foi o sraf. Era algo tão estranho e agradável que ela quis compartilhar com seus parentes. De modo que ela e seu parceiro pegaram as primeiras nozes e descobriram que sabiam quem eram: mulefas, e não animais de pasto. Chamaram a si mesmos de mulefas. Deram nome à árvore-das-sementes e a todas as criaturas e plantas.

Mary disse que não conseguia ver sraf como Atal e que gostaria de fazer o espelho com a laca-de-seiva, porque achava que poderia ajudá-la a ver. Mary foi até a plantação de laca com Atal e retirou um pouco de seiva com a permissão dos mulefas. Com a seiva, ela fez o verniz e passou no espelho. Depois vinha o trabalho de dar polimento: um dia inteiro esfregando a superfície em suaves movimentos circulares até que seus braços começaram a doer e ela adormeceu.

No dia seguinte, após ajudar os mulefas a trabalhar em uma capoeira, Mary começou a fazer suas experiências. Primeiro tentou usar a folha de laca como um espelho, mas tudo o que conseguia ver era um tênue duplo reflexo na madeira. Então, pensou que precisava da laca sem a madeira e teve a ideia de ir cortando fora a madeira com o canivete suíço. Ela se perguntou se a laca amoleceria se ela deixasse de molho, o mestre artesão disse que não e lhe mostrou um líquido que corroeria qualquer pedaço de madeira em algumas horas. Pelo cheiro e aspecto, Mary pensou ser ácido. Mary colocou o ácido na madeira, que foi amolecendo até se soltar. Mary ficou com uma placa de laca transparente amarelo-acastanhada. Quando olhou através dela, não viu nada em particular. Ela se perguntou o que aconteceria se olhasse em duas placas, uma sobre a outra, então pegou o canivete suíço e cortou a laca em dois pedaços. Quando juntou as duas placas e olhou através delas, a coloração âmbar estava mais densa, realçava certas cores e apagava outras, dando uma aparência ligeiramente diferente à paisagem, mas não havia nenhum sinal das sombras.

Atal se aproximou de Mary e perguntou se ela já podia ver sraf. Mary disse que não. Mary deixou as placas um pouco de lado e Atal começou a arrumar o cabelo de Mary, enquanto Mary limpava as rodas e passava óleo nas garras de Atal. Depois, Mary voltou e pegou as placas com as mãos sujas de óleo. Quando ela olhou para Atal através da placa com mancha de óleo, viu um enxame de cintilações douradas em volta de Atal. Mary pediu para pegar um pouco de óleo e passou em uma das placas. Quando olhou através delas, tudo estava diferente; agora podia ver as sombras. Atal disse: "Então finalmente você consegue ver. Bem, agora deve vir comigo". Outros mulefas começaram a aparecer, inclusive mulefas que ela não conhecia. Mary perguntou: "Para onde devo ir? Por que todos eles estão vindo para cá?" Atal só disse para ela não se preocupar, que não iria machucá-la.

A reunião parecia ter sido planejada há muito tempo, havia uns cinquenta mulefas. Mary perguntou o que estava acontecendo e pediu para Atal contar. Atal disse que não e que Sattamax iria falar. Mary não conhecia Sattamax, era um zalif mais velho do que qualquer um que ela tivesse visto até então. Sattamax começou a falar. Ele deu as boas-vindas a Mary e disse ser grato por suas atividades desde que chegou para viver entre eles. Disse que, com a ajuda de muitos deles, mas especialmente de Atal, Mary aprendeu a língua deles e pode compreendê-los. Mas havia outra coisa que ela precisava compreender, e isso era o sraf. Ela sabia de sua existência, mas não podia vê-lo até que fez um instrumento através do qual pôde olhar. E agora que conseguiu, estava pronta para aprender mais sobre o que devia fazer para ajudá-los.

Depois, pediu para Mary subir junto com ele. Mary subiu e falou que eles são gentis e que ela é grata por eles terem ajudado a fazer o vidro. Depois, disse que terá muito prazer em ajudá-los da maneira que precisarem. Sattamax disse que é bom ouvi-la falar e espera que ela possa ajudar, pois, se não puder, não sabe como vão sobreviver. Ele disse que os tualapi vão matar todos os mulefas. Disse também que as árvores estão morrendo. Disse que Mary consegue ver coisas que eles não conseguem ver e eles esperam que ela descubra a causa da doença das árvores, encontre uma cura e invente um meio de lidar com os tualapi, que são tão numerosos e fortes. Espera que ela possa fazê-lo brevemente, caso contrário, todos eles vão morrer. Mary, se sentindo estranhamente lisonjeada, mas sem a menor possibilidade de satisfazer aquela esperança, disse que faria o melhor que pudesse, tentaria ajudar e agradeceu por confiarem nela.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #16

CAPÍTULO 16: A NAVE DA INTENÇÃO

Sra. Coulter, que está amarrada a uma cadeira na torre adamantina, grita perguntando onde está sua filha e diz que Lyra estava segura com ela. Lorde Asriel entrega uma ordem a um soldado que estava ali perto. O soldado bate continência e sai apressado. Lorde Asriel se vira para Sra. Coulter e diz que Lyra não interessa para ele. Ele chama Lyra de miserável e diz que não pode desperdiçar seus recursos com ela e, se ela se recusa a ser ajudada, que arque com as consequências.

Sra. Coulter começa a defender Lyra, dizendo que ela é esperta, corajosa, generosa, carinhosa e singular. Lorde Asriel só coloca defeitos: impulsiva, desonesta, ambiciosa. Além disso, diz que Marisa Coulter tem razão, ela é singular por ter conseguido amolecê-la, tirado seu veneno. A agente impiedosa da igreja, a perseguidora de crianças, foi transformada por uma pirralha insolente, malcriada e ignorante. Lorde Asriel ameaça amordaçá-la se Marisa não ficar quieta, e ela cospe na cara de Lorde Asriel. Sra. Coulter diz para ele desamarrá-la, senão irá obrigá-lo a amordaçá-la. Lorde Asriel pega o lenço para amordaçá-la, mas Sra. Coulter implora que ele não a humilhe. Lorde Asriel desamarra Sra. Coulter, que vai se lavar em um pequeno aposento ao lado.

O rei Ogunwe e Lorde Roke chegam acompanhados de um anjo chamado Xaphania, que era de uma hierarquia muito mais alta que Baruch ou Balthamos. O rei Ogunwe relata a Lorde Asriel o que aconteceu: "Matamos 17 guardas suíços e destruímos dois zepelins. Perdemos cinco homens e um giróptero. A menina e o menino fugiram. Capturamos a Sra. Coulter...". Lorde Roke relata que a menina e o menino estão em outro mundo, em segurança. Que a faca foi quebrada, mas já foi consertada por um urso do norte e que seus espiões estão com eles. Relata também que, enquanto o menino estiver com a faca, não podem fazer nada. Se o matassem enquanto estivesse dormindo, a faca seria inútil. Por enquanto, os espiões vão com eles para onde forem, de modo que pelo menos saibam onde estão.

O rei Ogunwe questiona Lorde Asriel se Sra. Coulter faz parte do conselho; senão, ela deveria ser levada para outro lugar. Lorde Asriel diz que ela é prisioneira e convidada e, na qualidade de ex-agente da igreja, pode ter informações úteis. Lorde Roke questiona se ela revelará por livre e espontânea vontade ou se precisará ser torturada. Sra. Coulter diz que pode ajudar, que ela é a pessoa que esteve mais próxima do coração do Magisterium que eles podem encontrar. Ela sabe como eles pensam e pode prever como vão agir. Ela disse que podem confiar nela porque o Magisterium quer matar sua filha e ela quer salvá-la, por isso se tornou inimiga deles. Ela diz que salvou Lyra por três vezes: a primeira, quando foi à Faculdade Jordan e levou Lyra para morar com ela; a segunda, em Bolvangar, quando a encontrou sob a lâmina; a terceira, quando tomou conhecimento da profecia, levou Lyra para um lugar onde a manteve a salvo e pretendia ficar. Ela diz que foi obrigada a drogar Lyra para que ela não fugisse. Ela consegue convencê-los e eles deixam-na ficar ali.

Depois de algumas discussões, eles decidem ir até o arsenal e testar a nave da intenção. Lorde Asriel solta o macaco dourado que estava preso por correntes. No caminho, Sra. Coulter começa a fazer perguntas, primeiro para Xaphania. Perguntou se ela é um dos anjos que se rebelaram há muito tempo. Ela respondeu que sim e que agora prestou juramento de lealdade a Lorde Asriel porque vê em sua empreitada a melhor possibilidade de destruir a tirania. Sra. Coulter pergunta: "E se fracassarem?" Xaphania responde que todos serão destruídos e a crueldade reinará para sempre.

Depois, Sra. Coulter começa a perguntar ao rei Ogunwe de onde vem Lorde Roke e sobre os anjos. O rei Ogunwe diz que essas perguntas são coisas que um espião gostaria de saber. Sra. Coulter diz que é uma prisioneira e não pode fugir, que é inofensiva e pode confiar em sua palavra. Ela pergunta o que Lorde Asriel pretende fazer e o rei Ogunwe diz que foram para aquele mundo porque ele é vazio, foram para lá para construir. Querem um mundo sem reinos.

Eles entraram em um trem e andaram por cerca de 15 minutos dentro da montanha até chegarem ao arsenal. Lá, avistaram, em uma das portas gigantescas, homens puxando alguma coisa coberta por um oleado. O rei Ogunwe explica a Sra. Coulter que aquilo é a nave da intenção e eles vão ver como funciona. Lorde Asriel saltou para o assento da nave, prendendo um cinturão de couro sobre a cintura e colocando um capacete na cabeça. A nave da intenção se moveu, várias de suas peças estavam girando e, de repente, a nave da intenção desapareceu. De alguma forma, tinha saltado para o ar. Estava pairando acima deles.

No silêncio, Sra. Coulter pôde ouvir o barulho dos motores de girópteros. O rei diz que são chamarizes com o objetivo de levar inimigos a segui-los. Um grupo de seis girópteros voava em alta velocidade em direção à montanha, um deles aparentemente com problemas. Atrás deles, vinha uma variada coleção de objetos voadores. O rei Ogunwe definiu como um ataque aéreo. Eles estavam se aproximando dos girópteros. Um dos objetos voadores atirou um projétil em direção ao giróptero danificado, mas antes de atingir seu alvo, um clarão saiu da nave da intenção e fez com que o projétil explodisse. Depois, uma série de clarões acertou um objeto voador, fazendo com que ele também explodisse.

Sra. Coulter pensa em se oferecer para trabalhar como espiã de Lorde Asriel no Tribunal Consistorial de Disciplina. A nave da intenção desce novamente para o solo e Sra. Coulter pergunta como ela funciona. Lorde Asriel diz que funciona com as suas intenções: se você tenciona que se mova para a frente, ela se moverá. Sra. Coulter diz que isso não é resposta e pergunta que tipo de motor é e como voa, e diz que os controles são quase iguais aos de um giróptero. Lorde Asriel resolve contar como funciona a nave e, depois que ele contou, Sra. Coulter o empurra e sobe na nave para fugir. Enquanto a nave ficou parada por alguns momentos, porque ela não tinha perfeito domínio dos controles, Lorde Asriel se levantou, impediu que o rei Ogunwe ordenasse que os soldados atirassem na nave e disse para Lorde Roke subir na nave e acompanhar Sra. Coulter. Um momento depois, a nave começa a se mover e desaparece.

O rei Ogunwe pergunta se Lorde Asriel não vai persegui-la e ele diz que não, porque não quer destruir uma nave em perfeitas condições. O rei Ogunwe pergunta se ele acha que ela vai procurar por Lyra. Lorde Asriel diz: "Ela vai entregar a nave como prova de boa-fé ao Tribunal Consistorial e vai ficar espionando. Será nossa espiã. Logo descobrirá onde Lyra está e nós a seguiremos". Os dois voltam para a oficina, onde um modelo mais novo e mais avançado da nave da intenção aguardava para ser inspecionado por eles.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #15

CAPÍTULO 15: A FORJA

Os pequenos espiões conversam e desconfiam que Will e Lyra pretendem fugir deles quando a faca estiver consertada. Iorek estava arrumando suas ferramentas na oficina improvisada e, quando Lyra chegou com os galhos, pediu que ela pegasse algumas pedras iguais às que ele mostrou a ela; iriam servir para ajudá-lo a consertar a faca. Com um martelo feito de pedra, fogo e mais algumas ferramentas, Iorek começa a forjar a faca com a ajuda de Will e Lyra. O tempo passava, e Will e Lyra estavam ficando exaustos, mas foram colocando cada pedaço da faca da maneira que Iorek falava. Depois de algum tempo, não tinham ideia de quanto, conseguiram consertar a faca. Will e Lyra caíram exaustos no chão.

Depois que a faca esfriou, Iorek chamou Will para fora da caverna e disse para Lyra ficar lá e não tocar na faca. Fora da caverna, ele disse a Will que nunca deveria ter sido feita aquela faca e que talvez ele não devesse tê-la consertado. Disse que se sente inquieto e nunca se sentiu assim antes. Disse que está cheio de dúvidas, e ter dúvidas é coisa de humanos, não de ursos. Se ele está se tornando humano, alguma coisa está errada. Iorek diz que saiu da natureza do urso só para consertar a faca e que foi tão tolo quanto Iofur Raknison.

Ele pergunta a Will por que a faca quebrou. Will conta como a faca quebrou, que uma mulher olhou para ele e ele pensou que ela tivesse o rosto de sua mãe. E a faca encontrou um obstáculo, alguma coisa que não conseguia cortar e, porque a mente dele estava empurrando-a para cortar e fazendo força para puxá-la para trás, as duas coisas ao mesmo tempo, ela se partiu. Iorek pergunta o que Will vai fazer com ela e Will disse que não sabe.

De repente, Iorek esbofeteou Will com tanta força com a pata esquerda que ele caiu atordoado na neve, saiu rolando e parou a alguma distância mais abaixo na encosta, com a cabeça zunindo. Iorek desce até Will e exige: "Responda e me diga a verdade". Will sente a tentação de dizer: "Você não teria feito isso se eu estivesse com a faca em minha mão", mas explica que disse que não sabia porque ainda não examinou o que vai fazer. É uma coisa que dá medo nele e em Lyra, mas concordou assim que ouviu o que ela disse. Iorek pergunta o que foi, e Will fala do plano de descer à terra dos mortos e falar com o espírito de Roger. Will diz que está em conflito porque também quer voltar e cuidar de sua mãe e porque seu pai e Balthamos lhe disseram para ir até Lorde Asriel e lhe oferecer a ajuda da faca. Ficaram parados ali algum tempo sem falar nada.

Depois, Iorek diz que se Will quiser ser bem-sucedido em sua tarefa, não deve mais pensar em sua mãe, deve deixá-la de lado, tirá-la da mente. Se a mente dele estiver dividida, a faca se quebrará. Will fica sem palavras e, depois, agradece a Iorek. Os dois voltam para a caverna, Iorek vai falar com Lyra e pergunta que ideia é aquela de ir para o mundo dos mortos. Lyra diz que isso veio em um sonho. Ela viu o espírito de Roger e soube que estava chamando por ela. Ela se sente culpada pela morte de Roger e acha que deve acabar o que começou: deve ir e dizer a ele que sente muito e, se puder, tirá-lo de lá. Lyra continua: "Se Will puder abrir caminho até o mundo dos mortos, então devemos fazer isso". Iorek diz que poder não é a mesma coisa que dever; se deve e pode fazer, então não há desculpa, mas diz que enquanto ela estiver viva, seu compromisso é com a vida. Lyra responde que nosso compromisso é cumprir nossas promessas, por mais difíceis que sejam.

Lyra pergunta o que Iorek vai fazer e ele diz que vai voltar para o norte com seu povo porque não podem viver nas montanhas. Iorek diz que sente cheiro de guerra e que, se houver guerra, Serafina Pekkala, Lorde Faa e os gípcios vão precisar dele. Iorek conta como conheceu Will, que Will o desafiou e o venceu. Ele diz que Will é audacioso e muito esperto e que não há ninguém em quem ele confiaria para acompanhá-la no plano de visitar o mundo dos mortos, apesar de não gostar nada disso. Iorek se despede de Lyra e vai embora. Lyra chora e diz a Will que ama Iorek. Will e Lyra voltam para a caverna e pegam suas mochilas.

Salmakia pergunta o que eles estão fazendo, e Will responde que estão indo para outro mundo. Tialys diz que eles devem esperar pelos girópteros de Lorde Asriel. Will diz que não vai esperar e que, se Tialys chegar perto da faca, Will o mata. Disse também que, se quiserem, podem ir com eles. Salmakia diz que é um erro e que eles deveriam perceber isso. Will diz que amanhã vai contar a eles o que ele e Lyra estão pensando. A janela aberta dava para o mundo onde Will tinha fugido com Baruch e Balthamos. Eles atravessam e Will fecha a janela. Lyra se deita exausta, Lady Salmakia monta guarda e o cavaleiro abriu seu magneto ressonante e começou a tocar sua mensagem para a escuridão.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #14

CAPÍTULO 14: SAIBA O QUE É

Will e Lyra acordam, e o Cavaleiro Tialys diz que as forças do Tribunal Consistorial bateram em retirada e que a Sra. Coulter está nas mãos do Rei Ogunwe, a caminho de Lorde Asriel. Will pergunta como ele sabe de tudo aquilo, e o cavaleiro responde que conversou com seu comandante, Lorde Roke, pelo magneto ressonante. Ele concordou que fossem com Will e Lyra encontrar o urso. Disse que são aliados e ajudarão tanto quanto puderem.

O grupo pega suas coisas, atravessa a janela e segue pelo caminho na floresta, que tinha os rastros da guerra do dia anterior: os escombros de um giróptero com o corpo de um piloto preso pelo cinto, a carcaça carbonizada do zepelim, vidros quebrados e corpos carbonizados. Eles continuam a longa caminhada rumo à cordilheira, para onde o aletiômetro disse que Iorek tinha ido.

Ao meio-dia, quando pararam um pouco para descansar, o Cavaleiro Tialys pegou o magneto ressonante, e Lyra ficou observando enquanto ele utilizava. Depois perguntou como funcionava, e Tialys explicou. Voltaram a caminhar e, depois de um longo dia de caminhada, chegaram ao destino e encontraram Iorek. Lyra e Iorek se abraçam e vão para a caverna conversar, enquanto Will fica do lado de fora para deixá-los à vontade. Os pequenos espiões haviam sumido.

Lyra pergunta sobre Lee Scoresby e como vai o reino de Iorek. Iorek fala o que aconteceu com Scoresby, que ele morreu lutando enquanto ajudava um homem chamado Grumman. Lyra chora copiosamente. Will escuta e fica sem palavras, pois aquele homem desconhecido morreu para salvar seu pai, e tanto Lyra quanto Iorek tinham conhecido e amado Scoresby, e ele não.

Na entrada da caverna, Iorek faz uma fogueira, e ele e as crianças ficam em volta dela enquanto Iorek assa pernil de cabra. Will começa a dizer para Iorek que a faca está quebrada, mas percebe que os espiões estão escondidos ouvindo a conversa e faz com que apareçam. Tialys diz a Will que eles têm sido sinceros e dito a verdade, e que foi um ato desonroso enganá-los. Will diz que foi necessário mentir; senão, não teriam concordado em acompanhá-los até Iorek. Will diz que, se eles estivessem do seu lado, não deveriam se esconder e ficar ouvindo suas conversas. Por isso, são as últimas pessoas a ter o direito de falar em desonra. O espião tinha um olhar furioso.

Lady Salmakia se desculpa com Iorek, e ele convida os espiões para se juntarem a eles na fogueira. Will continua a falar da faca e pede para Iorek consertá-la. Iorek diz que pode consertar, mas não gosta daquela faca. Nunca viu nada tão perigoso e tem medo do que ela pode fazer. Disse que o mal que ela pode fazer é ilimitado e teria sido melhor que jamais tivesse sido feita. Will tenta questionar, mas Iorek continua: suas intenções podem ser boas, mas a faca também tem intenções e, por vezes, ao fazer o que você pretende, também faz o que a faca pretende. Iorek diz que eles não sabem tudo o que a faca pode fazer.

Lyra tenta convencer Iorek a consertar a faca, dizendo que eles precisam dela e que ela pode perguntar ao aletiômetro tudo o que a faca pode fazer. O motivo de Will era diferente: se a faca não fosse consertada, ele não voltaria para seu mundo e nunca mais veria sua mãe; ela pensaria que ele a havia abandonado, como o seu pai fizera, mas ele não quis revelar seu motivo. Iorek aceita consertar a faca, mas com a condição de que Lyra olhasse no aletiômetro o que é a faca e o que o aletiômetro pede. Lyra olha e diz que nunca viu o aletiômetro tão confuso. Falou uma porção de coisas que ela não entendeu direito. Disse que a faca podia ser má ou podia fazer o bem, mas era um equilíbrio tão frágil que o mais leve pensamento podia fazê-lo oscilar para um lado ou para o outro... E estava se referindo ao que Will pensasse. Então disse que devem consertar a faca.

Will e Lyra saem para pegar mais combustível, e Lyra fala para Will que o aletiômetro disse que a faca seria a morte do Pó, mas depois disse que seria a única maneira de manter o Pó vivo. Disse que fica repetindo que a faca é perigosa. Disse que, se forem ao mundo dos mortos, podem nunca mais voltar, poderiam não sobreviver. Will diz que eles têm que ir e pergunta o que o aletiômetro disse que aconteceria se eles não fossem. Lyra disse: "Só vazio. Só um branco total". Disse também que acha que quer dizer que, mesmo sendo tão perigoso, ainda deveriam tentar salvar Roger, mas agora não teriam ajuda de ninguém, estariam completamente sozinhos no mundo dos mortos. Lyra diz que está com medo, e Will diz que tem medo de nunca mais ver sua mãe. Eles juntaram gravetos e voltaram para a caverna.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #13

CAPÍTULO 13: TIALYS E SALMAKIA

Com a arma na mão, Will fez um movimento rápido para o lado, derrubando o macaco de onde ele estava empoleirado. Isso fez com que a minúscula mulher conseguisse se soltar. O pequeno homem se afastou da Sra. Coulter e foi examinar o ombro e o braço de sua companheira. Então, ele perguntou a Will se ele estava com a faca, e Will disse que sim. O homem disse para irem andando antes que os suíços cheguem. Will e Lyra seguiram as duas figuras, que agora estavam montadas em suas libélulas. 

A Sra. Coulter chorava e implorava para que Lyra não fosse embora. O cavaleiro mandou Will e Lyra seguirem para o alto do penhasco e se entregarem aos africanos, pois eles eram sua única esperança. Will não disse nada, mas não estava pensando em obedecer; sua ideia era entrar na janela atrás do arbusto. Quando saíram correndo em direção à janela, três homens da Guarda Suíça apareceram. Balthamos tentou lutar com os homens, mas seus dimons o fizeram recuar. Quando o líder dos homens levantou a besta, Will levantou a pistola e acertou o coração do homem. Os dois pequenos espiões se lançaram sobre os outros dois homens e, com um golpe rápido, conseguiram matá-los. Will e Lyra correram para a janela e conseguiram atravessar para o outro mundo. 

No outro mundo, Will teve uma crise de náuseas e vômito por ter matado mais uma pessoa, algo que ele não queria. Quando Will se recuperou um pouco, viu que os pequeninos espiões estavam com eles. Will mostrou para Lyra que estava com o aletiômetro e contou para ela que a faca estava quebrada e como isso aconteceu. Will perguntou se Lyra poderia usar o aletiômetro para descobrir como consertar a faca. Lyra consultou o aletiômetro e perguntou se Iorek estava por perto. Will disse que sim e perguntou se ele poderia consertar a faca. Lyra disse que Iorek podia fazer qualquer coisa com metal. 

Lyra viu a mão de Will sangrando e, enquanto ela limpava o ferimento, Will contou parte do que aconteceu enquanto ela estava dormindo: a luta com o estranho, a revelação que os dois tiveram um segundo antes que a flecha da feiticeira acertasse o alvo, seu encontro com os anjos, a viagem até a caverna e seu encontro com Iorek. Lyra contou sobre seu sonho, onde encontrou Roger, mas ele era um fantasma e a chamava, embora ela não conseguisse ouvi-lo. Lyra disse que Roger morreu por culpa dela e que terá que ir ao mundo dos mortos para pedir desculpas a ele, senão tudo o que viveram não terá valido nada. 

Will perguntou se o mundo dos mortos é um lugar como aquele em que estavam e se poderiam chegar lá com a faca, pedindo para Lyra perguntar ao aletiômetro. Lyra disse que é um lugar estranho e perguntou se realmente poderiam fazer isso e que parte de "nós" faz isso, pois os dimons desaparecem quando morrem e o corpo fica na cova e apodrece. Will disse que é o espírito. Os dois planejaram libertar o espírito de Roger do mundo dos mortos.

Will perguntou aos pequenos espiões quem eles eram. Eles disseram que eram galivespianos e espiões de Lorde Asriel, e que estavam ali para levá-los até ele. Lyra disse que não queria ir até seu pai e que não confiava nele. A mulher disse que estas eram as ordens e que iria levá-los até Lorde Asriel. Lyra deu uma grande gargalhada diante da ideia daquelas pessoas minúsculas obrigando-a a fazer qualquer coisa. Mas foi um erro. De repente, a mulher agarrou Pantalaimon e encostou a ponta da espora na perna dele. Mas viu que Will havia agarrado o homem com a mão e estava apertando de modo que ele não pudesse usar as esporas. Salmakia se afastou de Pantalaimon, que conseguiu escapar para o colo de Lyra. Tialys disse a Lyra que ela deveria demonstrar algum respeito, dizendo que ela era uma criança desatenciosa e insolente, e que vários homens bravos morreram para garantir sua segurança. Lyra disse que sentia muito.

Will disse aos espiões que quem estava no comando eram eles (Will e Lyra). Se eles quisessem ficar e ajudar, teriam que fazer o que dissessem; senão, teriam que voltar para junto de Lorde Asriel. Os espiões concordaram em ajudar. Will disse que, assim que tivessem descansado, voltariam ao mundo de Lyra e encontrariam um urso de armadura que era amigo deles. Lyra mentiu, dizendo que depois iria até Lorde Asriel com os espiões. Will chamou Lyra para conversar longe dos espiões e disse que continuariam com eles por enquanto, mas que assim que a faca estivesse consertada, iriam fugir.

terça-feira, 2 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #12

CAPÍTULO 12: A QUEBRA

Will e Ama se aproximam da caverna e Will abre uma janela. Eles passam pela janela e entram em um mundo deserto e rochoso, onde a lua brilhava forte. Will percebeu um problema: quando ele abrisse a janela na caverna da Sra. Coulter, o luar intenso ia brilhar como uma lanterna. Teria que abri-la rapidamente, puxar Lyra para o outro mundo e fechá-la imediatamente. 

Will diz para Ama que eles têm que agir rápido e sem fazer nenhum barulho. Will abre a janela, vê a Sra. Coulter dormindo com seu macaco dourado ao lado, mas não encontra Lyra no lugar onde ela estava. Will diz para Ama que a mulher mudou Lyra de lugar e que ele vai ter que atravessar a janela para procurá-la, e depois cortará outra janela assim que tiver encontrado. Ama diz para Will que eles devem atravessar juntos, porque só ela sabe como acordar Lyra e ela conhece a caverna melhor do que Will. Will concorda e eles atravessam.

Na caverna, eles avistam Lyra dormindo próximo à Sra. Coulter. Tentam chegar perto, mas as luzes e o som dos zepelins se aproximando ficavam cada vez mais altos. Will teria que se aproximar, cortar uma abertura, puxar Lyra por ela e fechar de novo o quanto antes. Quando Will estava pronto para agir, a Sra. Coulter acorda. Ela e seu macaco dourado ficaram escondidos na entrada da caverna observando os zepelins. Enquanto isso, Will se aproxima de Lyra e, quando foi cortar uma abertura para levá-la para outro mundo, ele olhou para o rosto da Sra. Coulter, que havia se virado para trás. Mas não era mais o rosto dela; era o rosto da mãe dele, censurando-o, e seu coração tremeu de dor. Então, quando ele golpeou com a faca, sua mente devaneou e, com uma torção e um estalo, a faca caiu em pedaços no chão. Estava quebrada. Agora ele não poderia mais abrir uma abertura para sair.

Will manda Ama acordar Lyra e se levantou para lutar com o macaco e a Sra. Coulter, mas uma pistola nas mãos da Sra. Coulter impediu a luta. Ama estava acordando Lyra com o remédio e, do lado de fora da caverna, uma tempestade de tiros e explosões acontecia. Will vasculhava o chão da caverna e juntou os pedaços da faca; ao todo, foram sete pedaços. A essa altura, os dois lados (zepelins e girópteros) já tinham desembarcado tropas. Alguns tinham sido mortos e vários estavam feridos, mas nenhuma das duas forças havia alcançado a caverna; o poder ali dentro estava nas mãos da Sra. Coulter. 

Will pergunta à Sra. Coulter o que ela vai fazer. Ela diz que vai manter eles prisioneiros. Lyra acorda e Will conta tudo o que está acontecendo. Enquanto isso, a Sra. Coulter acompanhava pela entrada da caverna tudo o que estava acontecendo lá fora. De repente, a Sra. Coulter gritou e abaixou-se para segurar o tornozelo. O macaco dourado agarrou alguma coisa no ar e uma voz de mulher, mas de uma forma minúscula, veio das garras do macaco: "Tialys! Tialys!" Era uma mulher minúscula, não maior que a mão de Lyra, e o macaco já estava puxando um dos braços, de modo que ela gritava de dor. 

A Sra. Coulter deixou a arma cair e Will a pegou. A Sra. Coulter ficou imóvel; o rosto dela estava contorcido de dor e de fúria, mas ela não ousava se mexer, porque de pé sobre seu ombro estava um homem minúsculo, com o calcanhar pressionado contra o seu pescoço. Will viu naquele calcanhar uma reluzente espora de chifre e soube o que a fizera gritar momentos antes. Mas o homenzinho não podia mais ferir a Sra. Coulter por causa do perigo que sua companheira corria nas mãos do macaco. E o macaco não podia machucar a mulher, caso contrário o homem enfiaria sua espora envenenada na veia jugular da Sra. Coulter. Respirando fundo, a Sra. Coulter virou os olhos cheios de lágrima para Will e disse: "Então, Mestre Will, o que acha que devemos fazer agora?"

A FACA SUTIL #1

CAPÍTULO 1: A GATA E OS CARPINOS

Will, um menino de 12 anos, leva a Sra. Perry, sua mãe, até a casa da Sra. Cooper e diz a ela que sua mãe precisa de um lugar para ficar por alguns dias, pois está muito confusa e precisa de cuidados. Will voltou para sua casa e, aproveitando que estava vazia, começou a procurar um estojo de couro verde antes que os homens voltassem.

Horas depois, Will escutou os passos dos homens entrando na casa. Foi nesse instante que encontrou o estojo de couro verde. Tentando fugir deles, Will acaba derrubando e matando um dos homens. Will relembra quando sua mãe começou a fazer brincadeiras no supermercado, tentando se esconder das outras pessoas, e de quando os homens foram à sua casa perguntar sobre seu pai, que havia desaparecido quando Will era muito pequeno.

Os homens voltaram em outro dia, quando somente a mãe de Will estava em casa. Will chega em casa e encontra os homens procurando por algo: o estojo de couro verde, o objeto mais precioso que sua mãe possuía, que continha cartas (provavelmente escritas por seu pai).

No final do dia, Will chega à cidade de Oxford e encontra um rasgo no ar, como um portal para outro mundo. Will atravessa. Will encontra uma cidade deserta e aproveita para tomar um banho no rio. Após o banho, ele entra em uma casa e encontra Lyra Belacqua, que também não estava em seu mundo.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

A LUNETA ÂMBAR #11

CAPÍTULO 11: AS LIBÉLULAS

Ama subiu a trilha que levava até a caverna com leite e pão na sacola às costas. Ela tinha dúvidas sobre como chegar perto da menina adormecida. Ama deixou a comida onde a mulher havia falado para que ele deixasse, mas não voltou para casa; continuou andando até onde as árvores ficavam mais escassas. Ama e seu dimon começaram a brincar perto da cachoeira e subiram em uma rocha. A brincadeira parou imediatamente quando Ama olhou para baixo, surpresa. Ela viu um urso branco imenso, quatro vezes o tamanho dos ursos pardos da floresta. Ela estava a apenas um braço de distância.

Um garoto ao lado do urso apareceu com uma expressão feroz, dizendo: "Quem é essa?" E o que seria aquele pássaro ao lado do menino? Seu dimon? O pássaro voou até o dimon de Ama e disse: "Amigos. Não vamos machucar vocês." O menino pediu para que Ama subisse no rochedo ao lado dele e se apresentou: "Will".

Ama supôs que eles estavam procurando pela menina adormecida e começou a falar que sabia onde ela estava e que estava sendo mantida adormecida à força pela mulher que dizia ser sua mãe. Disse que a mulher dava um líquido para ela dormir. Ama contou que tinha umas ervas para fazer com que ela acordasse. Will falou com Iorek, contou o que a menina disse e decidiu ir até lá com ela, pedindo para Iorek ficar de vigia. Chegando ao local, eles se esconderam atrás de um tronco de cedro. Will viu a Sra. Coulter e a reconheceu. Ele pediu para Ama trazer o remédio na próxima vez que ela fosse levar comida para a Sra. Coulter. Will e Balthamos ficaram vigiando a entrada da caverna. O macaco da Sra. Coulter parecia estar olhando na direção deles. O macaco dourado olhou de volta para a caverna, falou alguma coisa, depois olhou novamente para a direção de Will e Balthamos.

Will decidiu entrar na caverna. Quando chegou lá, a Sra. Coulter já estava esperando por ele e disse: "Você é Will?" Will ficou surpreso: "Como sabe o meu nome?" A Sra. Coulter disse que Lyra falava o nome dele quando estava dormindo. Will perguntou onde ela estava e a Sra. Coulter disse que ela estava a salvo e o levou para vê-la. Will se agachou perto de Lyra e observou sua amiga dormindo. Pelo canto do olho, ele viu o macaco dourado se preparando para dar o bote, então Will pôs a mão sobre a faca, mas a Sra. Coulter sacudiu a cabeça e o macaco relaxou.

Will, sem dar pistas, estava memorizando com exatidão o interior da caverna: a forma e o tamanho de cada rocha, a inclinação do solo, a altura do teto acima da garota dormindo. Teria que saber por onde passar para encontrá-la no escuro. Will perguntou por que a Sra. Coulter estava mantendo Lyra ali e por que não a deixava acordar. Os dois se sentaram em uma rocha na entrada da caverna e começaram a conversar. A Sra. Coulter perguntou sobre o aletiômetro e sobre a faca, e pediu para vê-la, mas Will não deixou.

A Sra. Coulter disse que estava mantendo Lyra ali porque a amava e que Lyra estava correndo um perigo terrível, e ela não permitiria que isso acontecesse. Ela disse que não sabia se podia confiar em Will, mas estava cansada de mentir e contaria a verdade. Ela explicou que as pessoas da instituição a que pertencia, a igreja, constituíam um perigo para Lyra e que ela achava que queriam matá-la. Contou que era uma servidora fiel da igreja, que não havia ninguém mais dedicado, mas que teve essa filha e se viu em um dilema: obedecer à igreja ou salvar a sua filha. Disse também que já tentou salvá-la desse perigo três vezes e que teve que se tornar uma renegada e se esconder nesse lugar remoto. Pensou que estavam em segurança, mas acaba de descobrir que Will as achou com facilidade, o que a preocupava. A igreja não devia estar muito longe.

Will perguntou por que a Sra. Coulter a mantinha adormecida e ela respondeu que, se a deixasse acordada, ela fugiria e não sobreviveria. Will disse que, já que viu que Lyra estava em segurança, ele poderia ir embora para ajudar Lorde Asriel. A Sra. Coulter tentou convencê-lo a ficar para ajudá-la, com a sua faca, a ficarem em segurança. Will se despediu e saiu da caverna.

Trinta minutos depois, Will disse para Iorek: "Ela está mentindo". De repente, eles ouviram um zumbido muito distante. Avistaram ao norte uns oito zepelins voando. Will tinha um plano para tirar Lyra da caverna: fazer uma abertura e, através dela, levar Lyra para outro mundo, e fechar antes que sua mãe pudesse segui-los. Balthamos voou para a floresta para vigiar a Sra. Coulter e seu dimon, e Will começou a procurar um mundo onde Lyra pudesse estar em segurança.

Enquanto as libélulas eclodiam dos ovos, e faltando três horas para chegarem ao vale, o Cavaleiro Tialys enviou uma mensagem para Lorde Roke explicando o que o Tribunal Consistorial de Disciplina pretendia fazer: o pelotão se dividiria em duas unidades. A primeira iria até a caverna e mataria a criança, cortando-lhe a cabeça para comprovar sua morte, e, se possível, também capturariam a mulher; porém, se isso fosse impossível, pretendiam matá-la. A segunda unidade tinha a missão de capturar o garoto vivo. O restante da força enfrentaria os girópteros do Rei Ogunwe. Lady Salmakia e eu (Cavaleiro Tialys) deixaríamos o zepelim e voaríamos diretamente para a caverna para defender a menina.

Lorde Roke respondeu com uma mudança de planos: você (Cavaleiro Tialys) e Lady Salmakia devem cooperar com o garoto. De modo que, se ele abrir outro mundo e levar a menina para lá, permitam que o faça e tratem de segui-los na passagem. Permaneçam ao lado deles em todos os momentos, quaisquer que sejam as circunstâncias. Lady Salmakia estava equipando sua libélula com os arreios que tinha consigo. O Cavaleiro Tialys cortou uma abertura no tecido da carcaça do zepelim, montaram em suas libélulas e saíram pela abertura rumo ao vale.

A LUNETA ÂMBAR #17

CAPÍTULO 17: ÓLEO E LACA Mary Malone estava construindo um espelho porque queria testar uma ideia que tivera: tentar capturar as sombras. Se...